Cultura | 14-05-2021 15:00

As culturas do campo estão a mudar mas a tradição  da Quinta-Feira da Ascensão veio para ficar

As culturas do campo estão a mudar mas a tradição  da Quinta-Feira da Ascensão veio para ficar
ESTAMOS EM ASCENSÃO
Roberto Caneira continua a aproveitar o feriado da Quinta- Feira da Ascensão para ir ao campo, com a família, apanhar a espiga

Roberto Caneira é um apaixonado pela cultura e tradições, sobretudo da sua terra, a Glória do Ribatejo.

Licenciado em História, Roberto Caneira é um apaixonado pela cultura e tradições, sobretudo da sua terra, a Glória do Ribatejo, concelho de Salvaterra de Magos. Desde criança que gostava de observar as pessoas a irem para o campo trabalhar a terra. Na Quinta-Feira de Ascensão ia com os pais para o campo, onde faziam um piquenique e passavam o dia. Não saíam de lá sem o ramo da espiga para dar prosperidade para o ano seguinte. Na adolescência chegou a ir com os amigos para o campo.

Defensor das tradições continua a aproveitar a Quinta-Feira de Ascensão, que é feriado municipal no seu concelho, para ensinar aos filhos, de 15 e 9 anos, as tradições como o significado da Ascensão, quer religioso quer pagão, e o simbolismo da apanha da espiga.
O presidente da Associação de Defesa do Património Etnográfico e Cultural de Glória do Ribatejo recorda que nos anos 30 e 40 do século passado os homens que trabalhavam nos barcos (a quem chamavam marítimos), e que possuíam barcos, convidavam pessoas para fazer piqueniques à beira do rio Tejo e também dentro dos barcos uma vez que o Tejo naquela altura ainda era navegável na zona de Salvaterra de Magos.

“Sempre foi um dia diferente. Antigamente era quase ‘obrigatório’ ir ao campo na Quinta-Feira de Ascensão. Hoje em dia, infelizmente, a tradição está a perder-se mas temos que fazer para que não caia no esquecimento”, sublinha acrescentando que o ano passado, mesmo em pandemia, cumpriu a tradição de apanhar espiga.

Como mora no campo, para Roberto e para a sua família não houve confinamento que o proibisse mas há outras dificuldades. “As culturas do campo estão a mudar. Já não encontramos trigo com tanta facilidade como antigamente”, afirma.

Confessa-se um apaixonado pelo campo e só gosta de ir às grandes cidades às compras e alguns eventos culturais. Adepto de “trails” é no campo que se sente bem a correr e a participar em provas da modalidade.

Roberto Caneira é técnico superior na Câmara de Salvaterra de Magos, onde trabalha na área do Património Local, e está em teletrabalho desde Janeiro. Em Maio vai regressar ao trabalho presencial, algo de que confessa sentir muita falta. O convívio e só o facto de sair de casa para trabalhar lhe dá outro alento.

Diz-se optimista de que o pior da pandemia já passou e quer acreditar nisso, até para o bem da sanidade mental de todos. Sempre teve boa opinião do Serviço Nacional de Saúde e diz que a pandemia só veio mostrar que é um serviço competente que, mesmo em grandes dificuldades, não quebrou e mostrou ser capaz de dar uma resposta eficaz.

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