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A Capital da Cabeça de Nabo e a teoria da evolução das espécies invertida

Fulgurante Manuel Serra d’Aire
Já tínhamos a Capital do Cavalo (Golegã), a Capital do Gótico (Santarém), a Capital da Cortiça (Coruche), a Vila Poema (Constância), a Cidade Florida (Abrantes), a Terra dos Fenómenos (Entroncamento) e agora temos a Capital da Cenoura Bebé. É verdade, Almeirim juntou ao rótulo de Cidade da Sopa de Pedra e das Caralhotas o fabuloso epíteto de Capital da Cenoura Bebé graças a um investimento estrangeiro que vai ser feito nesse concelho para produzir cenouras do tamanho de um dedo mindinho, como tu referiste na tua última epístola.
Nunca gostei de monopólios nem de hegemonias vincadas. Por isso, é tempo de os concelhos vizinhos começarem a contrariar esta tendência de Almeirim para acumular títulos. E, já que estamos na área da agricultura, acho que vai sendo tempo de a vizinha Chamusca fazer pela vida e reclamar o estatuto de Capital da Cabeça de Nabo, outro produto hortícola muito caro aos ribatejanos e que acompanha muito bem no cozido à portuguesa.
Obviamente, o título de Chamusca Capital da Cabeça de Nabo nada tem a ver com o que se passa no município da Chamusca, onde a gestão autárquica é feita com rigor e ponderação, mas também com persistência e objectivos bem definidos. Tanto assim é que, empenhada na criação de um arquivo municipal, e para garantir que o mesmo vai ser uma realidade, a câmara já comprou dois edifícios na rua principal da vila a pensar nesse fim.
Só que, após algumas centenas de milhares de euros gastos, veio a descobrir-se que o primeiro prédio afinal não serve para arquivo; e quanto ao segundo, que foi comprado recentemente a um vereador substituto do PS, partido que gere a autarquia, ainda não há certezas que vá mesmo acolher o arquivo. Mas ambos sabemos que o presidente Paulo Queimado não é homem de desistir às primeiras (nem às segundas). E podes crer que nem que tenha que comprar a vila inteira, ou mesmo anexar o vizinho concelho de Alpiarça, Queimado há-de encontrar um imóvel à altura para tão transcendente projecto. Vai uma aposta?
O homem que durante 12 anos liderou a Junta de Freguesia de Alverca (que tem mais habitantes que a maioria dos concelhos do distrito de Santarém), o socialista Afonso Costa, não aguentou o enxovalho de ter sido remetido para a oposição nas últimas eleições autárquicas, quando perdeu a junta para os comunistas, e decidiu agora, quase dois anos depois, renunciar ao mandato na assembleia de freguesia. Eu percebo as angústias do homem: a isto chama-se orfandade de poder. Para um homem habituado a mandar, passar de cavalo para burro é um transtorno difícil de superar. É a teoria da evolução das espécies a funcionar ao contrário.
Falaste no vandalismo de que foi alvo a estátua de Pedro Álvares Cabral, em Santarém, onde escreveram “colonialismo igual a fascismo”. É uma injustiça! Essas azémolas (descendentes dos meninos rabinos que pintavam paredes nos tempos do PREC) deviam dar o desconto ao navegador, que, segundo reza a história, embateu no território que é hoje o Brasil por mero acaso (na altura não havia GPS), pois o que pretendia mesmo era chegar à Índia. Por isso deixem lá o homem em paz, pois sem Cabral dificilmente haveria samba, Carnaval, Pelé e aquelas mulatinhas cheias de curvas que são a prova de que Deus existe...
Um tchau com sotaque de Copacabana do Serafim das Neves

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