Na época das redes sociais ainda há autarcas que resistem ao Facebook
Os dedos de uma mão chegam para contar o número de presidentes de câmara da região que não têm página pessoal no Facebook nem noutras redes sociais. O motivo, confessam-nos, é falta de tempo e o receio de “criar anticorpos”.
As redes sociais são um fenómeno relativamente recente, coisa do século XXI, que depressa se tornaram incontornáveis e omnipresentes. Há-as para todos os gostos desde o Twitter ao LinkedIn ou ao Instagram, mas a mais popular é sem dúvida o Facebook. No Dia Mundial das Redes Sociais, que se assinalou a 30 de Junho, percorremos a invenção de Mark Zuckerberg para perceber como comunicam os presidentes dos 23 municípios da área de abrangência do jornal.
Há de tudo, desde os que basicamente replicam na página pessoal os conteúdos da página do município, como Fernanda Asseiceira (Alcanena), Mário Pereira (Alpiarça), Pedro Magalhães Ribeiro (Cartaxo), Paulo Queimado (Chamusca), Pedro Ribeiro (Almeirim), Sérgio Oliveira (Constância), Francisco Oliveira (Coruche), Veiga Maltez (Golegã), Vasco Estrela (Mação), Luís Albuquerque (Ourém) ou Hélder Esménio (Salvaterra de Magos). Há os que levam a peito o conceito de página pessoal e partilham momentos mais íntimos e fotos de família, como Isaura Morais (Rio Maior), Ricardo Gonçalves (Santarém) ou Miguel Borges (Sardoal). E há aqueles que aproveitam o meio para mandar recados à oposição, como Jacinto Flores, presidente da Câmara de Ferreira do Zêzere, que, além de fotos de animais abandonados, publica citações como “nunca serás criticado por alguém que faz mais do que tu, só pelos que fazem menos”. Na mesma onda dos recados, na página de Fernando Freire, presidente de Vila Nova da Barquinha, pode ler-se: “nunca chegarás ao teu destino se parares para atirar pedras a cada cão que ladra”.
Facebook seria apenas mais uma preocupação
Depois há os que preferem não ter página, seja por falta de tempo, seja para evitar ler ‘bocas’ de munícipes mais irritados. São poucos e quase se contam pelos dedos de uma mão. Luís de Sousa, presidente da Câmara de Azambuja, é um deles. Diz não ter nada a esconder e até acredita no poder da comunicação, mas crê que o Facebook é uma forma de as pessoas se irritarem umas com as outras.
Luís de Sousa afirma que dá resposta a todas as solicitações dos munícipes, mas privilegia o email ou o telefone. “Há vereadores do executivo que já tiveram situações complicadas por causa das suas publicações, criaram alguns anticorpos”, brinca o autarca de Azambuja acrescentando que o seu gabinete está aberto a toda a gente. Para ele ter uma página de Facebook seria apenas mais uma preocupação.
À frente da Câmara de Tomar desde 2013, Anabela Freitas criou uma página pessoal no Facebook mas não a utiliza desde Dezembro de 2017. A autarca, que também preside à Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, entende que a página deve ser utilizada apenas por questões pessoais e a comunicação enquanto presidente de câmara deve ser feita através da página do município. “Actualmente não utilizo a página porque não tenho tempo e porque gosto mais de falar pessoalmente ou ao telefone com família e amigos”, confidencia a O MIRANTE.
Manuel Valamatos está há pouco tempo à frente da Câmara de Abrantes, desde que, em Fevereiro, substituiu no cargo Maria do Céu Albuquerque. Tem uma página que utiliza “apenas para dar os parabéns aos amigos”. Diz-se muito pouco ‘facebookiano’, porque acredita que algumas situações menos positivas se podem tornar rapidamente em autênticas bolas de neve. “Por respeito às instituições não uso a página, só muito excepcionalmente partilho qualquer coisa da página oficial do município”, conta-nos.
Também Carlos Coutinho, presidente da Câmara de Benavente, Alberto Mesquita, edil de Vila Franca de Xira, Pedro Ferreira e Jorge Faria, presidentes das Câmaras de Torres Novas e Entroncamento, respectivamente, não são dados às redes sociais. Os dois primeiros nem sequer têm página no Facebook, enquanto Pedro Ferreira e Jorge Faria têm activa a página dos tempos da campanha eleitoral às autárquicas, com raras publicações posteriores.