O MIRANTE | 16-11-2018 11:00

“Não há nada que se compare à simplicidade das conversas com as pessoas que conhecemos”

“Não há nada que se compare à simplicidade das conversas com as pessoas que conhecemos”
31º ANIVERSÁRIO DE O MIRANTE
Mário Pereira Presidente da Câmara Municipal de Alpiarça

Mário Pereira - Presidente da Câmara Municipal de Alpiarça

Alpiarça é a minha terra, à qual estou ligado por um forte sentimento de pertença, de identidade, de afinidade com os mais profundos valores locais, o sentimento de alguém que é em grande medida o resultado da sucessão de várias gerações de alpiarcenses.

É uma terra com personalidade forte, de gente trabalhadora, solidária, com uma forte identidade marcada por uma rica história ligada à luta contra a opressão, contra a exploração, e em defesa da liberdade e da democracia; uma terra que preserva estes valiosos valores e que pretende projectá-los no futuro. É claro que há muitas outras características culturais, urbanísticas, económicas, ligadas ao ambiente e à paisagem, aos costumes e tradições, ao património ou às artes que poderei destacar, mas considero mais definidoras as que estão ligadas ao carácter do nosso povo.

As pessoas mais importantes durante a minha infância foram a minha mãe e os meus avós. A minha família foi atingida por uma enorme tragédia com a morte do meu pai aos 26 anos, três meses antes de eu nascer. Como se pode imaginar, a família teve de reunir todas as forças para me dar a melhor formação e a melhor vida possíveis. E deram-me sempre tudo o que puderam. Também não esqueço outros familiares e amigos da família que foram e são muito importantes na minha vida. Quanto ao meu pai, que era um jovem muito popular e querido em Alpiarça (ainda hoje, quase 50 anos depois, muitas pessoas se referem a mim como “o filho do Mário José”), acho que a popularidade que tinha e a imagem que deixou são algo que sempre me beneficiou junto dos meus conterrâneos.

Agrada-me muito pensar que a minha família conseguiu educar-me com base em princípios e valores sólidos, humanistas, progressistas, de respeito pelos outros, de humildade e de solidariedade. Mas a verificação em mim desses valores caberá certamente às outras pessoas.
A maior parte dos meus amigos mais próximos de hoje continua a ser os que já o eram na infância e adolescência. Felizmente que o que faço me permite o contacto muito regular com muitos dos meus amigos de há muitos anos. É uma das grandes vantagens de viver numa terra como Alpiarça, onde quase toda a gente se conhece e tem vivências comuns. Estudei e trabalhei fora; vivi na bonita cidade de Braga durante 10 anos; fiz novos amigos por onde passei, incluindo alguns ligados à própria actividade política; mas é uma grande alegria a vida que tenho hoje permitir-me contactar diariamente com amigos de sempre.

Quando nos perguntam qual a fase da nossa vida mais interessante somos tentados a responder que foi a infância ou a juventude. E foram, de facto, épocas muito boas na minha vida. Mas há outras também muito importantes e enriquecedoras: a conquista da autonomia pessoal, o casamento e a constituição de família, com o nascimento e crescimento dos filhos. Até estes últimos anos, exercendo as funções que exerço, têm aspectos muito positivos e que deixarão saudade.

O que mais me agrada quando passeio em Alpiarça é o sentimento de pertença, de familiaridade com o que conheço desde sempre: as pessoas, os edifícios, as ruas, por exemplo. A existência de serviços de qualidade e úteis é muito importante. A qualidade de vida é fundamental. Aliás, são sobretudo esses aspectos que dão razão de ser à intervenção de qualquer autarca. Contudo, não há nada que se compare à simplicidade das conversas com as pessoas que conhecemos ou à afectividade do trato ou ainda à possibilidade de percorrer os espaços marcados na nossa história de vida, coisas que só são possíveis numa terra à qual estejamos estreitamente ligados, como eu sempre estive a Alpiarça.

Alpiarça tem tido uma ligeira perda populacional desde 2004, 2005, ao ritmo da média da região. Na nossa NUT III só dois concelhos não perderam população nos últimos anos e são os mais influenciados pelas dinâmicas da área metropolitana de Lisboa. Esta é uma região de charneira e a separação entre o que chamamos litoral e interior dá-se aqui. A perda de população é um fenómeno muito preocupante que atinge mais de dois terços do território do país e a maior parte dos seus concelhos. Deve-se acima de tudo a uma história marcada pelo centralismo da capital, de litoralização das principais actividades económicas e, mais recentemente, das políticas de ataque aos serviços públicos e à presença do Estado em grande parte do território nacional, obrigando as pessoas a sair para os grandes centros e até para o estrangeiro. Apesar do papel meritório e da acção dos autarcas após o 25 de Abril para inverter estas tendências, só com a inversão das políticas pelos governos seguidas e com a regionalização será possível o desenvolvimento equilibrado do país, com igualdade de oportunidades nas diferentes regiões.

Alpiarça teve durante cinco anos consecutivos a taxa mínima de IMI, poupando assim muito dinheiro aos munícipes num período muito difícil da vida económica e social do país. Foi muito bom para os munícipes mas criou dificuldades às finanças municipais, pelo que tivemos de aumentar a taxa no último ano. As outras taxas e tarifas municipais não sofrem qualquer aumento desde 2009.

Alpiarça é uma terra segura. Tem dos mais baixos índices de criminalidade de toda a região. Todos os dados das forças de segurança o demonstram. Tenho dois filhos (uma rapariga com 17 e um rapaz com 16 anos) e eles saem à noite naturalmente com os amigos. Mas, apesar disto, sei por experiência própria que, seja onde for ou em que tempo for, não há nenhum pai ou mãe que não sinta qualquer tipo de preocupação pela segurança dos filhos.

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